A criança com autismo e seletividade alimentar pode desenvolver diversas deficiências. Os fatores ambientais influenciam na alimentação da criança e para definir uma terapia nutricional devem ser observados os comportamentos diários, sintomas,sinais,
análises laboratoriais, relatos dos familiares e evoluções da criança e adolescente.
Quanto mais cedo na infância ocorrer uma intervenção nutricional, maiores são as chances de aumentar o repertório alimentar durante o crescimento
da criança com TEA. Estão evidenciadas diversas consequências da seletividade alimentar nas crianças com transtorno do espectro autista. Entre elas: obesidade, comportamentos de compulsão alimentar, ingestão insuficiente, deficiências
em diversos nutrientes, alimentação rica em alimentos industrializados, déficit de crescimento, fobia e prejuízos sociais.
Vários estudos científicos vêm sendo realizados e publicados nas melhores revistas nacionais e internacionais
sobre a importância de se iniciar precocemente o trabalho multidisciplinar com crianças TEA com seletividade alimentar.
Vários estudos científicos vêm sendo realizados e publicados nas melhores revistas nacionais e internacionais sobre a importância de se iniciar precocemente o trabalho multidisciplinar com crianças TEA com seletividade alimentar.
Em um destes estudos, crianças autistas com seletividade alimentar foram diagnosticadas com escorbuto no Hospital Infinternacionaisantil de Boston. O escorbuto (CID 10 - E54) é uma doença nutricional aguda ou crônica causada pela carência
de vitamina C (ácido ascórbico) no organismo. Dentre os sintomas principais, estão as hemorragias, fadiga e queda de resistência às infecções. Após a suplementação os sintomas osteomusculares das carências melhoraram e as crianças
foram liberadas. Também foram encontradas evidências de carência de vitamina C em crianças com TEA e seletividade alimentar, afirmando que a suplementação do nutriente fez com que a carência regredisse. A ingestão de vitamina C é limitada,
sua recomendação de ingestão diária, para crianças, varia de 15mg a 25mg. A metade de uma laranja pera contém 36,7mg de vitamina C, assim nota-se como a recomendação é pequena em comparação com um alimento consumido por dia.
Em
outro estudo com 53 crianças indianas diagnosticadas com TEA foi observado que além das carências calóricas há diversos nutrientes com consumo inadequado. Entre eles os principais são cálcio, zinco, vitamina c, tiamina, riboflavina,
ferro, niacina, ácido fólico e outros. Ainda nesse estudo foi comprovado que as crianças com autismo e seletividade alimentar tem uma vulnerabilidade para deficiências nutricionais e que essas podem trazer diversas consequências ao
longo da vida.
O resultado de uma pesquisa realizada com 26 crianças em idade escolar com TEA, foi possível observar que o lipídeo é o nutriente menos consumido, podendo entrelaçar as deficiências de micronutrientes,
já que diversas vitaminas necessitam de ácido graxo para sua absorção. Além do baixo consumo de lipídeo foram encontradas as carências de vitamina A, cálcio, sódio e vitamina B6.
Mesmo com as carências nutricionais o estudo explicitou
que a maioria das crianças com TEA apresentam sobrepeso e obesidade.
Pesquisando problemas alimentares em 41 crianças com TEA, foi observado que 61% das crianças apresentam problemas alimentares. Estes podem ser recusa alimentar,
disfagia, seletividade alimentar e sensibilidade sensorial.
Foi observado também que as crianças com TEA além de seletividade alimentar apresentaram um comportamento mais perturbador na hora da refeição Além da questão do novo hábito
alimentar, vale também salientar os mecanismos fisiopatológicos que podem desencadear preferências alimentares. Em 2013 foi confirmado que crianças com transtorno do espectro autista que apresentam constipação ou diarreia manifestaram
mais comportamentos compulsivos do que crianças com transtorno do espectro autista sem esses sintomas intestinais.
Fatores fisiopatológicos e a idade das crianças com TEA que apresentam seletividade alimentar não são determinantes
para regressão do comportamento seletivo. A idade e os sintomas gastrointestinais não tem influência sobre o bloqueio alimentar. Novas ferramentas para avaliação tanto do estado nutricional quanto do consumo alimentar da criança autista
devem estar sempre atualizados. A criança com TEA apresenta várias dificuldades no decorrer do seu crescimento. Entretanto com a Equipe Multiprofissional Saber Educacional e o apoio familiar essas barreiras podem ser superadas.