De acordo com a Organização Mundial da Saúde, até o ano de 2025, o número de pessoas idosas no mundo será de aproximadamente 1,2 bilhão, podendo atingir dois bilhões no ano de 2050. Tal fato trouxe expressividade às doenças crônicas e
incapacitantes, com elevados graus de dependência física e mental. Como consequência do envelhecimento populacional, as doenças crônicas neurodegenerativas têm seu predomínio nos comprometimentos cognitivos leve e na demência, chamados
de Transtorno Neurocognitivo (TN). O TN representa o principal motivo de síndrome demencial e têm como causa condição orgânica ainda desconhecida, que provoca perda de memória, deterioração cognitiva, emocional, alterações do comportamento,
da personalidade, perda progressiva da autonomia, da integridade, e constitui um quadro que representa cerca de 60% a 70% dos casos de demência mundial. No Brasil, estudo realizado com idosos em instituições de longa permanência de
uma capital do Nordeste do país, demonstrou a prevalência de Transtorno Cognitivo Moderado ou Severo em 83,6% dos idosos com mais de 83 anos. Este transtorno é considerado a principal causa de institucionalização e a segunda de morte
em idosos.
A detecção precoce permite uma monitorização da evolução do declínio cognitivo, com o objetivo de desenvolver e implementar estratégias de reabilitação específicas, que podem otimizar o funcionamento diário e promover
a autonomia do idoso. Estudos mostram que a estimulação cognitiva (EC) e adoção de estilos de vida saudáveis têm especial relevância para retardar ou prevenir o desenvolvimento desta patologia. A manutenção da saúde cognitiva é relevante,
pois permite aumentar a proteção contra o TN, atrasar o seu início e prevenir a dependência física nos idosos e, consequentemente, retardar o processo de institucionalização. Existem diferentes tipos de programas de intervenção na
cognição como a EC, treino cognitivo e reabilitação cognitiva. A recuperação do estado cognitivo pode ser feita através da estimulação de sistemas utilizando meios simples e de fácil aplicação, como atividades física e oficinas de
estimulação cognitiva, que auxiliam na reabilitação da capacidade cognitiva, permitindo ao idoso uma melhor qualidade de vida. Existem diferentes formas de tratamento em EC e cada uma pode focar em aspectos cognitivos distintos, como
memória, atenção, linguagem e outras, que favorece a concentração, pensamento, memória e contribui para o aumento da densidade sináptica cerebral, cuja rede de transmissão é responsável pela dinâmica, plasticidade do cérebro. Os Programas
de Estimulação Cognitiva (PEC) são conduzidos por conjunto de estratégias e exercícios que procuram reduzir ou compensar as dificuldades sentidas no cotidiano pelo indivíduo e pela família e potenciar as diferentes áreas da cognição.
Esses programas podem ser implementados em grupo ou individualmente, com objetivos específicos e metodologias bem delineadas num determinado período de tempo, para a pessoa manter suas capacidades cognitivas reminiscentes, orientação
ambiental, promover a funcionalidade e a autonomia. Na abordagem em grupo, fomenta-se a interação social e a readaptação dos comportamentos. Para a implementação de uma intervenção na cognição, é necessário avaliar o perfil cognitivo
do indivíduo, de modo a identificar as áreas comprometidas. Os PEC devem ter em conta o nível intelectual e cultural, bem como o meio ambiente, as interações sociais e o apoio dos familiares, e basear-se num processo de cooperação
entre a pessoa com déficit cognitivo e familiares/cuidadores(11). A capacitação destes para conduzir e manter a EC das diferentes atividades básicas de vida é fundamental para que consigam estabelecer as sessões, relembrar o que foi
abordado nas sessões anteriores e o treino de estratégias compensatórias(9). Em relação aos diversos tipos de intervenção cognitiva para faixa etária de idosos, o campo sofre com uma confusão no uso dos termos comumente utilizados
para defini-los. A literatura utiliza diversos termos para descrever as técnicas de intervenção, sendo que os mais comumente utilizados são: estimulação cognitiva, treino cognitivo e a reabilitação cognitiva. Apesar de muitas vezes
serem usados como sinônimos, os tratamentos não são iguais.